Brasileiros no Sudão enfrentam escassez de água e comida enquanto aguardam solução para sair da área de conflito


Conflitos começaram como uma consequência da disputa de poder entre o Exército e paramilitares. ‘A gente está estocando água, alguns mantimentos’, conta assistente técnico. José Esdras, assistente técnico do Al-Merrikh, conta que brasileiros no Sudão tentam estocar água e comida
Reprodução/ TV Globo
Os brasileiros que são integrantes de um time de futebol e estão tentando sair do Sudão contam que enfrentam uma rotina de medo, com internet e energia intermitentes, e que tentam estocar mantimentos e água enquanto não conseguem sair da área de conflito. Eles pedem ajuda do governo federal para voltar ao país em segurança.
A situação do grupo, que está em Cartum, capital do país, para jogar no time do Al-Merrikh, se complicou após o início dos conflitos armados no país.
“Ele foi para lá no final de novembro início de dezembro. O confronto começou no sábado último. Ele acordou já com muito barulho e aí meu irmão entrou em contato com um jogador de lá, que explicou que estava acontecendo uma guerra entre dois exércitos e não parou mais”, disse Lygia Maria Costa, irmã de José Esdras Costa Lopes, assistente técnico do time.
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O profissional conta que os nove brasileiros que fazem parte do clube estão isolados.
“Quanto mais o tempo passa, mais as coisas mais ficam complicadas: falta de abastecimento, de luz, de água, e a internet oscila muito. A gente está estocando água, alguns mantimentos. Tem um mercado aqui embaixo em que está começando a faltar tudo, porque não há reabastecimento. A gente sabe que, quanto mais demorado o conflito, piora a situação”, disse José Esdras.
Grupo de brasileiros que atuam em time do Sudão, antes da eclosão do conflito
Arquivo pessoal/ Paulo Sérgio
Os conflitos começaram como uma consequência da disputa de poder entre o Exército e paramilitares. Juntos, eles deram um golpe no país em outubro de 2021, que tirou civis do poder. Agora, romperam e brigam para comandar o governo.
Desde o começo dos conflitos, mais de 200 pessoas morreram e outras 1,8 mil ficaram feridas. Pelo menos dois hospitais da capital tiveram que ser esvaziados após serem atingidos por foguetes e tiros.
Cessar-fogo
Um membro da equipe técnica gravou o momento em que eles tiveram que se abrigar em um hotel. Itamar Rodrigues, treinador de goleiros, conta que eles esperam uma ação rápida da embaixada brasileira para resgatá-los.
“A cada dia que passa, minuto a minuto, as informações de feridos, de mortos, só aumentam. Então, fica aqui o nosso lamento e o nosso pedido para que a embaixada brasileira, junto ao governo brasileiro, possa fazer algo que nos conforte, e que principalmente nos tire desse momento turbulento”, pediu Itamar.
Uma das esperanças dos brasileiros é um cessar-fogo. Os líderes do Exército e da milícia negociaram um período de trégua de 24 horas que deveria ter começado na manhã desta quarta-feira (19), mas que não foi cumprido. A cidade de Cartum já enfrentou novos bombardeios.
“Eu tive uma conversa com o embaixador do Brasil, que não se encontra no Sudão, ele está na Arábia Saudita, e ele falava da complexidade que é uma operação dessa, que é muito dispendiosa para países, um negócio de alta instância. Então, a gente está procurando saber se essa alta instância pode nos ajudar, porque a situação está cada vez ficando mais crítica”, disse José Esdras.
O Ministério das Relações Exteriores informou que está em contato com os brasileiros que vivem no Sudão para prestar assistência. E disse também que está em contato com outros países para coordenar uma retirada assim que as condições de segurança permitirem.
Ruas desertas de Cartum, capital do Sudão, após eclosão de conflito armado no país
Arquivo pessoal/ Paulo Sérgio

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