No poder desde 7 de agosto de 2022, Petro tem tido dificuldades em implementar as mudanças que prometeu em sua campanha eleitoral —ele queria mudar os sistemas trabalhista, de saúde, previdenciário e judiciário, entre outros. Gustavo Petro, presidente da Colômbia, em 26 de setembro de 2022
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu a renúncia de todos os seus ministros, confirmaram três deles nesta quarta-feira (26). O governo enfrenta dificuldades para aprovar os projetos de lei no Congresso.
A solicitação, confirmada por funcionários de alto escalão que pediram anonimato, não foi oficializada por Petro.
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Na noite de terça-feira (25), o chefe de Estado colombiano mencionou no Twitter que iria “repensar o governo”, após encerrar as alianças com partidos tradicionais, chaves para o sucesso de suas reformas no Congresso.
Dificuldades de cumprir promessas
No poder desde 7 de agosto de 2022, Petro tem tido dificuldades em implementar as mudanças que prometeu em sua campanha eleitoral —ele queria mudar os sistemas trabalhista, de saúde, previdenciário e judiciário, entre outros.
Os partidos Liberal, Conservador e ‘de la U’, que se distanciaram do governo na terça-feira, se opuseram às iniciativas do primeiro presidente de esquerda na história do país.
Gustavo Petro toma posse como presidente da Colômbia
Aparentemente, as divergências sobre as propostas de reforma da saúde e do setor agrícola desencadearam o conflito. Um debate sobre a primeira proposta agendado para esta quarta na Câmara Baixa foi cancelado.
Em um evento público, Petro afirmou que é necessário instalar um “governo de emergência” na Colômbia, “já que o Congresso não foi capaz de aprovar alguns artigos simples e muito pacíficos” sobre a divisão equitativa de terras.
“Emergência significa que dia e noite, equipes do governo estejam trabalhando. Quem não seja capaz de fazer isso, já não tem espaço em nosso governo”, disse ele.
Crise inédita
O presidente colombiano já havia formado um primeiro ministério afastado das forças de esquerda que o levaram à presidência e optou por políticos de centro e direita ou acadêmicos, como o economista José Antonio Ocampo, do Partido Liberal, que Petro indicou para a pasta do Tesouro.
Ele designou um acadêmico para a pasta da Defesa e um conservador para as Relações Exteriores.
Outros ministros têm ligações com os partidos que agora se opõem às reformas do governo.
O presidente do Congresso, Roy Barreras, disse na RCN Radio que os gestos de Petro “geram uma crise inédita” no país. “Não lembro” de um presidente “decretar a morte de sua coalizão de governo” tão prematuramente, disse o parlamentar do partido governista.
Histórico de Petro
Durante seu mandato como prefeito de Bogotá (2012-2015), Petro enfrentou constantes mudanças em sua equipe de trabalho, seja por demissões ou por decisão própria. Na ocasião, os opositores e alguns de seus ex-funcionários apontaram a dificuldade do atual presidente de trabalhar em equipe.
Em 15 de fevereiro, o mandatário pediu a seus apoiadores que fossem às ruas para pressionar pela aprovação de suas reformas.
Em seguida, afirmou, de uma sacada da residência presidencial Casa de Nariño, que continuaria convocando manifestações até que a mudança fosse uma realidade.
Dias depois, em 28 de fevereiro, Petro demitiu três de seus ministros.
Reveses
O terremoto no gabinete representa a pior crise governamental interna em pouco mais de nove meses de mandato.
“As pessoas estão com muita incerteza frente ao futuro, para onde vamos, e as mudanças de ministros o que fazem é aprofundar essa incerteza”, disse na Rádio W, o ex-presidente e Nobel de Paz, Juan Manuel Santos.
Problemas com as guerrilhas
Além dos problemas no Congresso, Petro enfrenta contratempos em suas tentativas de estabelecer a paz com as organizações que seguiram em armas, após o histórico acordo de paz com a guerrilha das Farc em 2016.
Os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), com quem conduz negociações de paz, se recusaram a participar de um cessar-fogo bilateral proposto pelo governo em 31 de dezembro.
Já o Clã do Golfo, o maior cartel do tráfico de drogas no país, aceitou de início a trégua, mas, meses depois, o presidente reativou as operações militares contra essa organização após ataques a civis e forças públicas.
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