Brasileira consegue voo para sair do Líbano após ataques de Israel: ‘Meu coração fica aqui’


Fatima Cheaitou tinha pedido ajuda para sair do país com a família; ela deixou o Líbano na noite de quarta-feira (25). Bombardeios se intensificaram na segunda-feira (23). Brasileira que mora no Líbano consegue voo para sair do país após ataques de Israel
Reprodução/Instagram
A brasileira Fatima Cheaitou, que mora com a família no Líbano, conseguiu passagens aéreas para deixar o sul do país em meio aos ataques de Israel à região, que se intensificaram na segunda-feira (23). Ela fez publicações no Instagram direto do Aeroporto de Beirute, capital do país, na noite de quarta-feira (25), pelo horário de Brasília.
“A gente conseguiu passagens de última hora, graças a Deus. Estou feliz que a gente vai conseguir sair daqui, mas estou muito triste, porque não quero sair daqui. Não queria que a gente tivesse nessa situação de precisar sair daqui, sair dessa forma, fugindo, sair sem saber quando vai voltar, se vai voltar, se todo mundo vai estar aqui ainda”, contou em um vídeo.
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Assim como Fatima e a família, milhares de libaneses estão fugindo do país por conta dos bombardeios. Em pânico, as pessoas têm buscado uma área segura para se proteger. Assim que os ataques se intensificaram, ela deixou o sul do país e enfrentou longos congestionamentos a caminho da capital.
Com voos sendo cancelados em toda região, ela estava sem saber como conseguiria viajar até o Brasil e pediu ajuda. No vídeo gravado no aeroporto, ela explicou que havia poucos voos saindo de lá. “Aeroporto está vazio, um voo só agora. É muito depressivo”, disse.
Fatima explicou que conseguiu as passagens duas horas antes de chegar ao aeroporto. “A gente guardou nossas coisas e veio. A família vai viajar em voos diferentes. Eles vão primeiro para Paris e depois viajarão para o Brasil, pois não havia voo direto.
“Desde que a gente chegou ao aeroporto comecei a chorar. Antes estava no modo ‘preciso sobreviver’ e não estava pensando muito em tudo. Eu sou muito grata por estar viva, por ter a oportunidade de sair daqui. Só que meu coração fica aqui”, afirmou.
Os tios e avós dela ficarão no Líbano. Segundo a brasileira, eles estão mais ao norte do país e seguros até o momento. “Mas tem a preocupação de que a guerra piore, escale e acabe bombardeando lá também. Nesses últimos dias destruíram todas as cidades, minha cidade está destruída. é horrível”, relatou.
Mesmo diante da situação, ela reforçou que não gostaria de ter que deixar o país, mas mantém a fé de que voltará logo. “Vai dar tudo certo”, disse.
Fatima tem mais de 70 mil seguidores no Instagram e de 125 mil no YouTube em perfis onde mostra um pouco da cultura mulçumana. Ela, inclusive, gravou um vídeo durante o deslocamento até a capital libanesa. Veja abaixo.
Brasileira que mora no Líbano pede ajuda para sair do Líbano enquanto foge de bombardeios
Na terça, após receber muitas mensagens de preocupação, Fatima contou que chegou em segurança a Beirute após 10 horas de deslocamento — o normal seriam 2 horas —, pediu orações e agradeceu pelos compartilhamentos. No começo da semana, bombas caíram perto da casa dela e dos avós.
“Hoje acordamos com muitas, muitas bombas. A gente está fugindo. Bombardearam perto da minha casa, da casa dos meus avós. Então, quem puder marcar, fazer pressão no Instagram do governo para eles fazerem alguma coisa… Sei lá. Por favor”, postou na segunda, marcando os perfis do presidente Lula e do Itamaraty.
Na terça, o governo brasileiro anunciou que começou a reunir dados de brasileiros e parentes de primeiro grau que estão no Líbano, seja como turistas ou como residentes, e desejam receber “apoio do governo”.
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Destruição e mortes
Veja destruição deixada por ataques ao Líbano e resgate de presos sob os escombros
A troca de ataques entre Israel e o Hezbollah continuou na quarta-feira (25) e, nas redes sociais, vários vídeos mostraram a destruição causada pela ofensiva israelense, que já deixou mais de 550 mortos e 1,8 mil feridos, de acordo com o governo libanês.
As imagens, feitas pela população, no sul do Líbano e também na capital, Beirute — que foi alvo de bombardeios na terça-feira — mostram edifícios, carros e ruas que foram atingidos por mísseis cobertos de escombros e fumaça, além de resgates de moradores que ficaram presos nos escombros.
Na quarta, sirenes de alerta soaram em Tel Aviv e em áreas do Centro de Israel durante a madrugada. Os sistemas de defesa aérea interceptaram um míssil sobre a cidade. Segundo o Hezbollah, o alvo do ataque era a sede do Mossad, a agência do serviço secreto tida responsável pelo ataque a pagers e walkie-talkies do grupo extremista.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram ter bombardeado o Líbano em resposta. O Ministério da Saúde libanês confirmou 72 mortos e 392 feridos em decorrência dos ataques israelenses na quarta.
Prédio destruído na região sul de Beirute
Telegram/Reprodução
Israel X Hezbollah
Israel afirmou que está conduzindo uma operação militar na fronteira com o Líbano para que moradores da região possam voltar para casa. Esses israelenses deixaram a área por causa de ataques do grupo extremista Hezbollah, que atua no Líbano.
Hezbollah e Israel possuem um histórico de desavenças, que já resultou em uma guerra em 2006. O conflito na região voltou a se intensificar em outubro de 2023. À época, o grupo terrorista Hamas invadiu Israel, o que resultou na morte e sequestro de civis.
Fumaça no céu do Líbano após bombardeio israelense nesta quarta (25)
Aziz Taher/Reuters
Em resposta, Israel declarou guerra contra o Hamas e bombardeou a Faixa de Gaza. Desde então, o Hezbollah vem lançando foguetes contra Israel para demonstrar apoio ao grupo terrorista e aos moradores de Gaza.
Na semana passada, pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah explodiram em uma ação coordenada. Em seguida, Israel anunciou que estava movendo tropas para a região de fronteira com o Líbano.
Israel também lançou uma série de bombardeios contra o Líbano, justificando que estava atacando estruturas do Hezbollah.
Diante disso, a ONU levantou preocupações sobre uma guerra total no Oriente Médio.
“O Líbano está à beira do precipício. O povo do Líbano, o povo de Israel e o povo do mundo não podem permitir que o Líbano se torne outra Gaza”, disse o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

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