Brasil está errado ao argumentar que EUA encorajam guerra e autoridades americanas ficaram chocadas com tom de fala de Lula, diz Casa Branca


Autoridades norte-americanas afirmaram ter ficado ‘impressionadas com o tom’ dos comentários do presidente brasileiro, afirmou a porta-voz do governo dos EUA. EUA e União Europeia criticam declarações de Lula sobre guerra na Ucrânia
O Brasil está errado ao argumentar que os Estados Unidos estão encorajando a guerra na Ucrânia e seu tom não é de neutralidade, disse a Casa Branca na terça-feira (18).
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, rejeitou os comentários do presidente Lula (PT), que afirmou que os EUA e a União Europeia prolongam o conflito ao fornecer armas aos ucranianos (veja mais abaixo).
Ela disse que as autoridades americanas ficaram “chocadas com o tom” dos comentários de Lula e também disse que “é claro que queremos que esta guerra acabe”.
“O tom não foi neutro e [do comentário] não é verdadeiro, e continuaremos a falar sobre isso”, disse ela.
Karine Jean-Pierre fala à imprensa na Casa Branca, em 18 de maio de 2022
Evelyn Hockstein/ Reuters
A fala de Lula
O presidente do Brasil afirmou que os EUA e a Europa prolongam a guerra na Ucrânia no domingo, quando estava em Abu Dhabi. Ele também defendeu a criação de uma espécie de “G20 pela paz”.
“A paz está muito difícil. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não toma iniciativa de paz, o [presidente da Ucrânia], Volodymyr Zelensky, não toma iniciativa de paz. A Europa e os EUA terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra”, afirmou Lula, durante uma coletiva de imprensa no fim de sua viagem aos Emirados Árabes Unidos.
O presidente também voltou a acusar a Ucrânia, que foi atacada e invadida pela Rússia, de ter participação no início do conflito. “A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, disse Lula no domingo.
Segunda vez que a Casa Branca se pronuncia
Essa é a segunda vez que um membro do governo dos EUA se pronuncia sobre as falas do presidente Lula.
Na segunda-feira (17), o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que “neste caso, o Brasil está papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto”.
Kirby afirmou que a fala de Lula é “profundamente problemática”.
Washington não tem “nenhuma objeção a qualquer país que queira tentar pôr fim à guerra”, respondeu Kirby.
“Obviamente queremos que a guerra acabe”, disse Kirby. “Isso poderia acontecer agora, hoje, se o senhor (presidente russo Vladimir) Putin parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas tropas.”
União Europeia também respondeu
O porta-voz da Comissão Europeia para Negócios Estrangeiros e Políticas de Segurança, Peter Stano, também rebateu as acusações de Lula e defendeu a postura adotada pelos aliados ocidentais.
“Não é verdade que os EUA e a União Europeia estejam ajudando a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é vítima de uma agressão ilegal, uma violação da Carta das Nações Unidas”, afirmou o representante do bloco europeu.
“É verdade que a União Europeia, os EUA e outros parceiros ajudam a Ucrânia em sua legítima defesa”, disse Stanos, ressaltando que a outra opção seria a destruição do país.
Guerra na Ucrânia
A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho. Anos antes, em 2014, os russos já haviam ocupado militarmente uma região da Ucrânia, a Crimeia.
A invasão do ano passado começou com bombardeios constantes e rápido avanço de tropas russas, passou por um período de estagnação, uma contraofensiva das tropas da Ucrânia e ataques a infraestrutura energética.
Em poucos dias, parte considerável do território da Ucrânia foi dominado pelas forças armadas russas. Prédios militares e civis foram alvos de bombardeio por todo o país,
A capital, Kiev, não foi tomada pelos russos, que chegaram a cercar a cidade com soldados.
Bucha, uma cidade próxima a Kiev, foi palco de uma matança de civis realizada pelos russos.
A cidade de Mariupol ficou cercada por 3 meses, sem abastecimento de água e comida, até ser dominada pela Rússia.

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