Time de futebol sudanês aluga ônibus para retirada de jogadores brasileiros que estão na capital do país; VÍDEO


Brasileiros reclamam da assistência prestada pelo governo brasileiro. Itamaraty disse que registrou a presença de 16 brasileiros na capital do Sudão; 15 já deixaram a região conflagrada. Ônibus contratado por time de futebol sudanês, levará 10 brasileiros até Egito
Ao menos 10 brasileiros, cinco deles cariocas, que fazem parte do Al-Merreikh, time de futebol sudanês, começaram a deixar a capital Cartum, no começou da tarde deste domingo (23) em um ônibus alugado. Eles afirmam que o Itamaraty não deu nenhum suporte para que os cidadãos brasileiros deixassem a região que vive um conflito desde o último dia 15 de março.
Segundo os brasileiros, foi o time de futebol que alugou o ônibus, que os levarão até a divisa com o Egito. O Itamaraty , por sua vez, disse que registrou a presença de 16 brasileiros na capital do Sudão e que 15 já deixaram a região conflagrada. (Veja mais sobre o posicionamento do Itamaraty abaixo)
Os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) concordaram com uma trégua de 72 horas em confrontos armados no Sudão por razões humanitárias, nesta sexta-feira (21). A suspensão dos conflitos começou às 6h do horário local (1h em Brasília) deste sábado (22).
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O ex-jogador do Flamengo Paulo Sérgio está entre os atletas que deixaram o país. Mais cedo, antes de embarcar, ele criticou a postura do governo brasileiro na tratativa de retirar os cidadãos brasileiros do país africano.
Ônibus foi fretado pelo Al-Merreikh, time do Sudão
g1
“Não foi o governo brasileiro que conseguiu o ônibus que vai levar a gente para uma cidade afastada daqui, onde iremos dormir e viajar para o Egito amanhã. Esse ônibus foi fretado pelo clube. O governo brasileiro foi omisso”, destacou.
No momento em que o grupo embarcava no ônibus, um grupo de rebeldes cruzou com os brasileiros.
No Brasil, a mulher de Paulo Sérgio, a empresária Blanca Bullos, destacou que “é um alívio” saber que o marido e os outros colegas de time deixaram a capital sudanesa. No entanto, ela criticou a postura da diplomacia brasileira na tratativa para retirá-los do país.
“É um alívio saber que eles estão saindo de lá. Mas, é um absurdo como foi tratado tudo isso. É uma falta de respeito e uma incompetência do governo brasileiro. Eles deixaram lá a própria representante do país. Um representante das Relações Exteriores mandou um áudio para os meninos para que eles cuidassem da funcionária. É muito absurdo tudo isso”, disse Blanca.
Rebeldes patrulham as ruas da capital Cartum
g1
O grupo de jogadores brasileiros viajarão por cerca de 24 horas até a fronteira com o Egito. Eles devem chegar ao local na tarde desta segunda-feira (23). Paulo Sérgio deverá voltar para o Brasil durante os próximos dias. Ele, nascido e criado no Tavares Bastos, mora em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
O que diz o Itamaraty
O g1 questionou o Itamaraty sobre as criticas dos brasileiros em relação à assistência do Governo do Brasil. No entanto, o órgão não respondeu sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
Apesar disso, o órgão enviou uma nota em que diz que “o governo brasileiro segue empreendendo esforços para retirar todos os brasileiros em território sudanês tão logo quanto possível”. Ainda de acordo com o comunicado, “estabeleceu-se como prioritária a retirada dos brasileiros que se encontravam na capital, Cartum, onde houve grande parte dos conflitos nos últimos dias”.
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O Ministério das Relações Exteriores afirmou na tarde deste domingo (23) que registrou a presença de 16 brasileiros na capital do Sudão. Desse total, 15 já deixaram a cidade nas últimas horas. De acordo com o governo brasileiro, entre elas 3 crianças que saíram da cidade “em companhia do pai, em comboio da ONU para o leste do país”.
Segundo o governo brasileiro, “resta um cidadão na capital, que se presumia poder ser evacuado esta manhã, o que acabou não sendo possível. Encontra-se em segurança e aguardando orientações”.
O Itamaraty sustenta que “o governo brasileiro chegou a viabilizar evacuação mais ampla em coordenação com a ONU e com países europeus, que não pôde ser concretizada por questões de deslocamento e segurança”.
Por fim, o comunicado diz que “o Brasil permanece em estreito contato com a ONU e com outros governos com nacionais no Sudão e continua a monitorar a situação dos demais brasileiros no país, que por estarem em localidades não conflagradas, estão em situação de menor risco relativo”.

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